Eu já tinha passado por esse magnífico e raro carrinho e, claro, parei pra tirar as fotos e
publiquei aqui. No dia, não deu pra conversar muito. Mas dessa vez aproveitei pra trocar uma ideia mais longa!
"XKR"
Plaqueta aparentemente sobre a calibragem dos pneus
"Regie Nationale Renault": Plaqueta com o número do chassi, no interessante formato do logotipo da marca
Outras plaquetas, desfocadas
O mini carro vermelho chama bastante a atenção, pelo que eu pude perceber. Interessante é poder tê-lo visto à noite, já que antes tinha sido de dia. Dos muitos transeuntes que param e olham, muitos pensam que é um Fusca. O destaque foi uma coroa, que ao ouvir a conversa, parou e disse: "Ele é de 47 mesmo? Ano em que eu nasci! Que barato!" e ficou surpresa ao saber que não era um Fusca: "Jurava que era!". A confusão é justificada, visto que eram concorrentes e o estilo é muito parecido, inclusive pela configuração do motor traseiro. Além disso, muitas peças foram adaptadas do mais conhecido Volks do mundo: paralamas, lanternas, mecânica, motor, rodas e calotas.
Mas o mais interessante é a história do antigo, que eu desconhecia. Há mais de trinta anos, o atual dono do carro, sr. Sirênio, o avistou no fundo de um quintal e perguntou sobre o carro, interessado, quem sabe, em comprar. O estado geral era péssimo. Esquecido embaixo de uma árvore, tinha toda a carroceria condenada pela ferrugem. A negociação avançou e ficou tudo acertado: em troca de uma geral no quintal, ele ficaria com o carro. "Mas e os documentos?", perguntou. "Tá tudo regularizado no meu nome, é só acertar os atrasados e fazer a transferência." O quintal foi todo capinado e depois de algumas semanas estava tudo certo. Dai em diante, começou a brincadeira! Foi "só" começar a ressurreição reforma, com as devidas adaptações de peças mais acessíveis. É muito raro encontrar as peças originais no Brasil e custa caro trazê-las de fora. O resultado é que, com essas soluções, o carro roda até hoje. Seu destino quase certamente seria cruel, se não fosse por esse episódio.
A intenção sempre foi ter o carro como lazer, divertimento. No entanto, depois de algumas propostas recebidas ao longo de tantos anos, chegou o tempo em que se estipulou um valor: por R$ 30 mil, ele vende o carro. Acho um preço extremamente alto, sobretudo pelos padrões atuais e pela quantidade de itens não-originais, é o que muitos vão dizer também. Mas acho compreensível. O carro não está sequer anunciado em lugar algum. A ideia é justamente não vender. Se for fazer, que seja por um preço que justifique a despedida do pequeno Renault, seu xodó.
Ilha do Governador, Rio de Janeiro - RJ.