Finalmente saiu! O meu Fusca e o post sobre o meu Fusca!
Todos me cobravam, todos se perguntavam e me perguntavam por que eu ainda não tinha meu carro antigo (na verdade tenho o Corcel II 80 que era do meu avô desde zero, mas não pretendo fazê-lo agora, queria um carro já pronto pra andar), sobretudo um Fusca, dada a minha paixão pelos besouros. A hora chegou, e no final de janeiro, depois de alguns meses olhando um sem-número de anúncios na OLX, encontrei um Fusca que se encaixasse no que eu procurava. Depois de algumas visitas a alguns carros que não me agradaram (quase sempre Fuscas), resolvi ir mais longe e fui até a pequena e desconhecida cidade de Nepomuceno, na Zona da Mata Mineira. Esse foi o anúncio que vi:
Eu já tinha decidido que iria ver o carro, mas as circunstâncias não ajudavam. Muito trabalho pra entregar me impedia que eu conseguisse ir até lá durante a semana, e se eu fosse num fim de semana, não conseguiria resolver os trâmites do cartório, que estaria fechado. Em determinada quinta-feira, vi que daria pra adiantar os trabalhos do dia seguinte (mas tudo em cima da hora na correria máxima), terminei o trabalho, deixei tudo engatilhado aqui, comuniquei meu amigo Renatinho que já estava de sobreaviso, me arrumei, pedi ajuda ao meu pai pra levar a gente na rodoviária e lá fomos nós, com os minutos contados. Meu pai dirigiu o carro (sem pôr nossa segurança em risco, cabe ressaltar) como se estivesse em uma moto, e magicamente conseguimos chegar à rodoviária faltando um minuto pro ônibus partir (não deixei as passagens reservadas porque não tinha como saber com antecedência que daria pra eu ir), corremos até o guichê e conseguimos - aparentemente - avisar ao funcionário do balcão que ainda havia mais dois passageiros no ônibus por chegar. Ele avisou via rádio à plataforma, e fiquei mais tranquilo. Liguei pro sr. Batista (então proprietário do Fusca) pra avisar-lhe que já estava me encaminhando para o ônibus. Enquanto passava o cartão pra pagar as passagens, conversava com o sujeito ao celular, o qual me dizia naquele momento que "fulano de tal de Guaranésia (cidade vizinha) iria buscar o carro no domingo e pagaria mais do que o valor combinado". Por um momento arregalei os olhos, mas foi só por um instante até ele completar "mas nós combinamos o preço antes, então o que foi dito permanece igual" e me fazer suspirar aliviado. Confesso que fiquei positivamente surpreso com a posição dele, e desci a ladeira correndo em direção à plataforma pra embarcar, já mais aliviado e acreditando que a humanidade ainda tem conserto.
Chegando lá, nenhum ônibus da empresa. "O ônibus pra Lavras já saiu", disse um dos funcionários lá de baixo. Ao perguntar sobre a ligação pedindo pra "segurar" o ônibus, todos negaram com convicção que ninguém havia comunicado nada. Eis que avisto ao longe outro uniformizado da empresa, andando como quem vinha da saída da rodoviária. Saímos correndo apontando pra um ônibus da empresa e perguntando se era "Lavras", ao passo que ele confirmou e correu junto conosco, pedindo ao motorista que parasse o veículo (que já estava metade pra fora da rodoviária) para que pudéssemos entrar. Daí em diante, respiramos fundo com aquela sensação de "quase que dá errado" e tudo seguiu normal! Viagem correu bem, um pouco de ansiedade, não dormimos quase nada, chegamos de manhã bem cedo em Lavras, e de lá partimos sem transtornos pra cidade de Nepomuceno, onde se encontrava o motivo de nossa jornada.
Como já era de se esperar, chegamos mais cedo que o combinado, e decidimos fazer um tour a pé pela cidade. Em poucos minutos, já tínhamos andado quase tudo e conhecíamos boa parte do município, que aliás é muito aconchegante e acolhedor, qual seus habitantes. Ah, sim. Vimos uma quantidade significativa de Fusca por lá, "99% acabados, mas aquele 1% conservado"... Passamos por uma meia dúzia de três ou quatro muito inteiros e originais! Vi ainda dois ônibus antigos interessantíssimos ainda rodando normalmente, um dos quais consegui fotografar. Aliás, a foto abaixo ilustra o que eu conheci da cidade. Vias tranquilas, cachorros na rua e muita devoção por Nossa Senhora Aparecida.
No horário marcado, liguei pro camarada, que me explicou como chegar à oficina em que o carro estava, e nos encaminhamos até lá. Essa foi minha primeira visão:
Gostei demais, já à primeira vista! Claro, aos poucos fui vendo o defeitinho ou outro que o carro tinha (pela faixa de preço que eu queria, já sabia que não encontraria um carro impecável e perfeito de tudo, e nem era essa a minha ideia), mas nada que me desanimasse. O que me deixou fascinado nesse carro foi a combinação da cor verde (Verde Folha original do catálogo) com o interior marrom. O interior dessa cor não saiu de fábrica nesse ano, mas isso pouco me incomodava. Acho muito mais bonito assim do que o preto (essas são capas por cima dos bancos originais pretos). Ainda carrega um adesivo de um clube de carros antigos de Juiz de Fora, herança de quando pertenceu a um colecionador de Boa Esperança, outra cidade vizinha.
Feita a passada de olho, sr. Batista deu a chave na minha mão e disse pra eu dar uma volta. Lá fomos nós fazer o test drive até a entrada da cidade, gostei de andar no carro. Resolvi que levaria. Levei o carro de volta, fechamos negócio, depois seguimos para o banco e então, cartório, já de Fusca. Nenhum problema, tudo resolvido. Vale ressaltar um detalhe: algo inimaginável de se ver, ao menos na cidade do Rio. O - único - escrivão preencheu o recibo, e em uma máquina de escrever!!! Foi uma viagem no tempo. Cartório vazio, vazio.
Com tudo acertado, fomos almoçar numa pensão ali perto, e a chuva que aparecia com timidez começou a dar as caras... Em poucos minutos, chovia torrencialmente!
Mantivemos nossa ideia de voltar dirigindo! Apesar de os pneus excessivamente ressecados nos terem assustado um pouco, não teria a menor graça ir comprar um carro que tá funcionando e com documento em dia, e voltar com ele em cima de uma prancha! Esperamos a chuva baixar (o que não aconteceu), e depois de um tempo, pé na estrada na chuva mesmo!
Dadas as condições e o fato de eu ter dormido muito mal, preferi não arriscar a direção na volta, e voltei de co-piloto! Boa parte do trajeto o carro veio bem, mas andou falhando algumas vezes...
Reparem, comparando as duas fotos acima, que eu não me aguentei e logo no início da viagem já havia arrancado os dois - horrorosos - emblemas que estavam colados no painel! E por falar em colado, esse adesivo de "Vende-se" (que não arrancamos na correria) rendeu uma dúzia de interessados parando e perguntando o preço no caminho, e algumas conversas interessantes também. O limpador de para-brisa funcionou o tempo todo em que foi requisitado.
A chuva finalmente deu trégua...
Uma das paradas para abastecer
Depois de quase 500 km rodados na volta, nenhum contratempo maior, graças a Deus enfim chegamos de volta à Ilha, já à noite, mas com a sensação de dever cumprido! Mais tarde fomos descobrir que a falhadeira ocorria porque os fios da bobina estavam invertidos (!!!). Agora, como ele funcionava? Deve ser porque é Fusca...
Encontramos amigos por acaso no posto...
Chegada à primeira parada oficial na Ilha...
Daí, foi guardar o carro, descansar até não poder mais, e acordar no dia seguinte pra começar a brincar!
Olha ali o Corcel II 80 que eu falei, pra quem ainda não tinha visto, e a Chrysler New Yorker 76, do meu pai
Continuo contando no próximo post!
Que aventura, hein? Mas no final deu tudo certo, como era de se esperar! Muito lindo teu Fusca.
ResponderExcluirMas o que raios é Rumplestiltskin? :v
Rumpelstichen, Rumpelstilzchen, Rumpelstiltskin, Rumple, Rumplestilskin ou Rumpelscoisinho é o antagonista de um conto de fadas de origem alemã, O Anão Saltador. Era o nome de um tipo de duende, também chamado de pophart ou poppart, que faz barulhos de chocalho em tábuas. O significado é semelhante ao de "rumpelgeist" ("chocalho fantasma") ou poltergeist, um espírito travesso que faz barulho e move objetos domésticos. Outros conceitos relacionados são mummarts ou bichos-papões, que são travessos espíritos domésticos que se disfarçam.
ExcluirMuiiiito legal a história do fusca, Matheus. Agora o verdinho é figura (de respeito) carimbada nos nossos encontros de terça.
ResponderExcluirParabéns pelo fusca e pela história!
Putz que história! Qual seria a graça se não fosse da forma que foi compra do carro, isso é um bom exemplo das histórias e estilo de vida que gostar e ter carros antigos nos trazem. Parabéns e espero ver logo esse carro pessoalmente. Vlw
ResponderExcluirAntigomobilismo isso aí meu amigo Matheus, muitos amigos, muita cooperação muitas histórias para contar e nesse caso, mais um VW para brilhar!
ResponderExcluirQue história legal! E o fusquinha muito simpático! Se eu fosse ter um fusca, ele seria assim. Adoro a combinação de pintura verde escura com interior caramelo. Show demais!
ResponderExcluirAeeeeeeeeeeeeê, Matheus!
ResponderExcluirUm ilustre integrante da Família Aircooled!
Parabéns pelo Folha, parece um carrinho de bastante potencial!
Fico feliz por esse Fusca estar na mão de quem gosta, conhece e respeita Fusca!
Grande abraço!
Que história bacana!!!
ResponderExcluirParabéns pelo Besouro Verde, muito lindo ele!!!
Que personalidade a estética das goleiras, calotas e os detalhes da direção. Um carro de fino trato. Parabéns.
ResponderExcluirCara, Fusca é Fusca, de um jeito ou de outro sempre chega ao destino, parabéns pelo verdinho, que você curta muitos anos com ele.
ResponderExcluirMuitas felicidades com seu Fusca e que ele lhe ofereça muitos anos com ótimo desempenho. O fato é que, a respeito das cores do interior do Fusca 69, além do revestimento preto, há também o vermelho pigale e o cinza platin, embora seja provável que com a carroçaria verde não estivesse disponível o vermelho. Parabéns pelo achado!
ResponderExcluirExato, amigo!
ExcluirO interior Vermelho Pigalle (popularmente chamado de Vermelho Turim) era disponível só pras carrocerias Branco Lotus, Bege Claro e Bege Nilo!
Valeu! Grande abraço.
Que bela história. Você terá muitas com o fusca. Parabéns.
ResponderExcluire ai matheus aqui e o Sandro! felicidades ocorreu tudo bem a viajem espero que venha passear outras vezes aqui na minha cidade de nepomuceno.Abraço de um novo amigo Sandro! fico feliz por tudo ter dado certo precisando de algumas coisas pra o fusca não esqueça de mim.Tenho outros carros antigos a venda tanbem vlw
ResponderExcluirLembrei de quando comprei meu primeiro (e único) Fusca que tive até hoje, não precisei ir longe, mas a emoção foi a mesma.
ResponderExcluirbacana de mais tenho um 1964 da mesma cor
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