Aos que sentiram falta dos carros antigos, aí está!
Antes da chegada do Fusca no país, um compacto importado de motor traseiro chamou a atenção dos brasileiros justamente por uma característica marcante do Fusca: o motor traseiro. Isso fez com que ele ganhasse o carinhoso apelido de "Rabo Quente" em nossas terras (seu apelido em Portugal, por exemplo, é "Joaninha"). Seu pequenino motor de 760 cm³ que gerava 17 cv não parecia tão fraco a quem guiava, já que o carrinho pesa algo em torno de 600 kg. Fez sucesso na Europa e na América do Sul. Há indícios de que o primeiro Renault tenha chegado ao Brasil como modelo importado em 1950, portanto, antes da chegada do Fusca.
O pequeno francês foi originalmente desenhado durante a Segunda Guerra, tendo sido apresentado ao público em 1946, no Paris Motor Show. No ano seguinte, foi posto nas revendas. A ideia era que o carro tivesse inspiração nos carros "guerreiros" feitos pela Volkswagen, especialmente o Beetle, ou Fusca. Apesar do estado da Economia na França naquela época e a consequente incerteza quanto ao seu sucesso, vendeu 37.000 unidades em 1949 e foi o carro mais popular daquele país.
Pois bem. Hoje, despretensiosamente, me deparei com um desse na rua e, claro, parei prá fotografá-lo:
Repare nos paralamas traseiros e lanternas, de Fusca, improvisados
motor VW a ar
painel bem simples, com o mostrador ao centro e um pequeno porta-luvas
detalhe da chave na ignição
Minha primeira impressão, quando passei e vi a traseira, era de ter visto um Fusca modificado. Reparem nas lanternas, que me induziram ao erro. Após parar e ver com calma, notei que de fato tinha me equivocado. Enquanto fazia o registro, um senhor me sugeriu que abrisse a porta para uma foto bacana. Assim fiz, enquanto conversava com ele. Sirênio, o proprietário, falou um pouco sobre seu carro e não se incomodou com as fotos. Mais um que deu apoio!
O estado de conservação, no geral, é muito bom. Há, sim, muitos detalhes ausentes, como frisos e emblemas. Além disso, se fez uso de peças improvisadas, como os retrovisores (genéricos e diferentes entre si), os parachoques, volante, rádio e limpadores de parabrisa. Não sei se as rodas são originais. Apesar disso tudo, havemos de convir que é um carro usado no dia-a-dia e não uma peça de coleção. Além do mais, as entradas de ar na traseira, maçanetas, porta suicida, estão todos no lugar. Seu dono precisa improvisar, se quiser continuar andando com o carro, visto que a busca por peças nesse caso é árdua.
Um dos improvisos me chamou a atenção. Além de lanternas de Fusca, parece que os paralamas traseiros também são do besouro. Repare que a tampa do motor é original, mas ao comparar a foto de lado com
a foto de um modelo todo original, dá prá ver que o paralama é "intruso". A diferença é pequena, não tirou a harmonia do desenho.
O ano do carro me intrigou: 1947, uma vez que a chegada do modelo ao Brasil se deu no ano de 1950. Acho, portanto, que deve ter vindo da Argentina ou Uruguai (países que tiveram boas vendas dele), e posteriormente ter sido legalizado prá rodar aqui. É só um palpite. Se alguém tiver uma opinião mais pontual, se manifeste!
Ilha do Governador, Rio de Janeiro - RJ.