Domingo fez um dia maravilhoso, o que rendeu um passeio e fotos belíssimas com o amigo Bruno. A história desse "Oval" é mais que especial. Fiquem primeiro com as imagens:
Faróis amarelos!
A placa amarela é uma recriação da original
Antena enorme...
Brasão original da cidade de Wolfsburg
Motor 1200
A icônica seta "bananinha", na coluna B
O Pão-de-Açúcar lá no fundo
Miolo de ignição na coluna de direção: acessório de época.
A rara roldana do acelerador, ou pedal "roller", como alguns chamam
A "Pedra da Onça"
Abaixo, pose pra foto dos companheiros inseparáveis no começo de sua história juntos, em 1960:
Não sei bem por onde começar, há tanto pra falar! O Bruno é um sujeito que admiro muito, tanto quanto a sua família, e não podia ser diferente com seus antigos. Esse talvez seja o mais especial deles.
Bom. Esse carro foi comprado por seu avô de um sujeito alemão, primeiro dono do carro, em 1960. Cinco anos antes, ele havia comprado um Ford Tudor Sedan 1936, mas os dois não foram felizes juntos durante esse tempo. Naquele ano, movido pelo entusiasmo de sua filha (mãe do Bruno), que se apaixonou pelo Fusquinha, começou a história de amor de um simples automóvel com a família. O besouro foi seu companheiro inseparável no dia-a-dia ao longo das últimas décadas, desde pequenas idas à padaria até viagens mais longas. Mesmo com carros novos tendo aparecido na garagem (como a Brasilia em 1977 e o Passat LS em 1980, ambos mantidos na família), o xodó era o vermelhinho.
Assim foi até o final dos anos 90. O Bruno era criança na época, mas se lembra de alguns passeios com seu avô, que retrucava: "Andei com esse carro todo dia durante 40 anos e nunca ninguém me notou! Agora, eu não posso estacionar o carro que aparece um monte de gente!", sempre com bom humor!
De lá pra cá, o "Oval" ficou descansando na garagem. Em 2011, ele faleceu e jamais viu o Fusquinha restaurado. No começo desse ano, o carrinho saiu da oficina, pintado e montado. A família poderia ter dado prioridade a um projeto totalmente original. Mas a preferência foi deixá-lo o mais próximo do jeito que ele foi usado desde 1960: a cor vermelha da carroceria (não estava disponível no catálogo de 1953), para-choques dos modelos mais novos (no modo antigo de estacionar, primeiro encostava-se no outro veículo, e só então ajeitava-se na vaga; os para-choques originais de lâmina simples eram mais baixos; depois de perder diversas lanternas quebradas por esse motivo, ele optou pelos mais novos, que era mais altos e protegiam as hoje raríssimas lanternas 'coração'), motor 1200 (o 1100 original está guardado); além dos acessórios como os sobre-aros cromados, a antena gigantesca, retrovisor no pino da porta (o minúsculo retrovisor interno ganhou uma adaptação pra um maior, feito por ele e mantido do mesmo jeito até hoje), aro cromado do volante, plaqueta "D" de "Deutschland" (Alemanha, em alemão), calhas de inox, molduras de placa e miolo de ignição na coluna de direção.
A configuração não é 100% original, mas o nível de originalidade ainda é excelente. Como a maioria foi sendo descaracterizada pra ser "modernizada" com as mudanças da indústria nacional - e também pela facilidade muito maior em encontrar as peças feitas aqui -, alguns itens são raros de se ver hoje em Fuscas alemães, sobretudo os que foram de uso diário. É o caso das setas "bananinha" na coluna B e a roldana "roller" do acelerador, além do velocímetro original de fábrica, datado de novembro de 1952, que está guardado para ser restaurado e portanto ainda não foi instalado. Ainda tem sistema elétrico de 6 volts, lâmpadas amarelas nos faróis, rádio original, forração interna no padrão original de textura (a cor marrom foi escolha de sua avó).
Como se já não bastasse toda essa história que o faz membro da família, ele ainda tem uma configuração intrigante. É sabido que a carroceria "Split Window" deu lugar à "Oval" no ano de 1953, passando pelo modelo "Zwitter", híbrido dos dois. Esse exemplar saiu da fábrica em fevereiro daquele ano, e pelas datas de registro, deveria ser um "Zwitter". Uma inspeção minuciosa foi feita durante a restauração pra buscar indícios de um possível recorte da barra do vigia traseiro, que modernizaria o modelo e era muito comum na época. Mas não havia nada parecido. Em diversos contatos recentes com a fábrica da Volkswagen, com o intuito de desvendar esse mistério, foi confirmado que a numeração do motor é original e que corresponde àquela carroceria, o que o faz um carro "matching numbers". É possível que esse carro tenha sido fabricado durante duas semanas de fevereiro de 1953, o que faria desse exemplar Oval ainda mais raro. A busca continua, e o certificado da fábrica em breve estará a caminho. Será que o mistério permanecerá ou será desvendado?
Ah sim, não posso deixar de dizer que o que seu avô dizia continua se aplicando. Em qualquer lugar que se para, várias pessoas comentam, puxam histórias de família ou tentam acertar o ano do carro. Nenhuma delas acertou, mas todas se impressionaram com quão antigo ele é. O que contribuiu pra todos torcerem o pescoço foi o fato de termos esquecido de tirar as placas amarelas depois das primeiras fotos. Daí optamos por deixá-las lá "sem querer" durante o passeio. Um domingo memorável!
Abaixo, o começo do passeio, ainda de placa cinza:
Parabéns ao Bruno Lara e família pela joia que têm em mãos!
Ilha do Governador, Rio de Janeiro - RJ.
Sensacional o carro, muito lindo e a história acrescenta muito mais interesse nesse Fusca.
ResponderExcluirA garagem para um carro desses deveria se chamar "porta jóias". Pela beleza e pelos índices de conservação e originalidade um carro desse não vale menos que 80 mil reais. E por baixo!
ResponderExcluirEspetacular Registro ! O carro é lindo e deve levar o sobrenome da família Parabéns!
ResponderExcluireste ta lindo este e como um filho nao se vende
ResponderExcluircacetada! pelo amor de deus matheus! quero fotografar esse carro!
ResponderExcluirae Mike Savergnini bola ae!
ResponderExcluirOlha o lugar...
ResponderExcluirAí sim! Baaaah!
ResponderExcluirInteressante, meu pai teve um 67 cuja placa só invertia o meio, era BA-4970, e era aqui de SP.
ResponderExcluirOun que lindo *-* *-*
ResponderExcluirBruno Lara, é o q eu estou pensando? Mas vc disse 58, ou tô errado?
ResponderExcluirNão e 58 não Marcelo, e 53 mesmo. E e o que você está pensando rsrs.
ResponderExcluirA bela história acrescenta um charme a mais a este lindo Fusquinha.
ResponderExcluirPlaca amarela lá da "terrinha'!
ResponderExcluirLindo...
ResponderExcluir*-* quero um fuscaninha (fusca-joaninha) HAHAHAHAHA
ResponderExcluirClássico!
ResponderExcluirEspetacular! Já que a placa amarela é daqui de Petrópolis, a última foto teria sido feita no 32Bimtz?
ResponderExcluirLindoooooo
ResponderExcluirEsse Fusca é um espetáculo e a capa no volante então... ele só foi injustiçado pelo motor que não faz justiça à beleza que ele tem e feliz do Bruno que ainda tem as três relíquias de família em mãos.
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